Na semana passada, o prefeito eleito de Salvador, ACM Neto, se encontrou com os artistas da Axé Music para um evento, e dentre outras coisas, anunciou um segundo carnaval durante a Copa do Mundo de 2014, o que deixou os cantores felizes e sorridentes.
Ora, mas essa artistagem baiana é mesmo sui generis...
Os caras tem o status de ídolos, de representantes culturais de Salvador, são elogiados de forma até exagerada para os méritos artísticos de alguns deles e tal e coisa. Aí Salvador vira um caos, com uma política administrativa que gerou destruição e decadência nos últimos anos, e o qual a reação dessa turma? nenhuma..
Em qualquer lugar do mundo, artistas e intelectuais são os primeiros a se posicionar quando a sua cidade/lugar passa por problemas. Nesses anos ingratos, não ouvimos desses grandes ídolos, uma crítica, uma fala contundente pedindo providencias, uma música de protesto que fosse, contra a forma de gerir a cidade. Nada.
Na eleição para prefeito, acirrada e polarizada, enquanto diversos setores da sociedade soteropolitana davam opiniões sobre os candidatos e apontavam caminhos para o futuro de Salvador, não ouvimos nenhum deles abrir a boca para dizer nada. Pelo contrário, continuaram esses anos todos cantando suas músicas que remetem Salvador como a “capital da alegria”, “terra da felicidade” e outros blablablas de verão, como se nada estivesse acontecendo.
Aí, quando já sabemos quem é o prefeito, e passamos a esperar ansiosos pelo que Neto vai fazer com o trânsito, com a saúde, com o asfalto, iluminação, lixo e transporte , essa turma aparece toda sorridente, posando para fotos com o novo prefeito, porque vão receber de presente mais um carnaval para ganhar ainda mais dinheiro com essa felicidade plastificada em 4 ou 5 acordes. Parafraseando o filósofo, cada povo tem os ídolos que merecem...
p.s. 1 isso nada tem a ver com a qualidade artística que possuem(nem todos...), mas sim com a atuação social que se espera de quem goza de tanto prestígio.
p.s.2 também não tem a ver com gostar ou não de 1 carnaval ou 2, e sim, com as posturas dessa turma perante a sociedade local e seus problemas.
p.s.3 atualizado em 28/03/2014. Pelo visto, ganharam e vão ganhar bem mais do que um carnaval extra.
A internet é um território dominado pelos mais jovens, por
aqueles que já nasceram plugados num computador. E nada mais normal, com tantas
novidades tecnológicas mutantes, que os ícones artísticos da grande rede, sejam
os preferidos da turma entre 15 e 30 anos. E quando o assunto é música, qualquer espirro de cantores
como Luan Santana, Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, Restart, Nx Zero, funkeiros e
duplas sertanejas universitárias, vira um “trend topic”. Artistas mais “clássicos” da MPB, rendem pouco assunto, o
que talvez, seja natural. Até porque, essa nova geração não se
importa com nada que tenha vindo antes dela. Parece que acabou-se aquela coisa
de buscar entender o que se passou antes, para uma maior compreensão do mundo.
Mas não é que um cantor de 70 anos virou assunto no mundo virtual?! Roberto Carlos.
O rei, ao lançar a música Esse Cara Sou Eu, deu uma chacoalhada
nas redes sociais. Seja no Twitter, no Facebook, nos blogs, sites, emails, enfim,
todos dão pitaco sobre a música-tema da novela das 8. Principalmente as mulheres,
que questionam se realmente é possível encontrar um homem com tantas qualidades
como o personagem da canção. Charges, piadas, e até análises psicológicas do “cara”,
pululam em todo canto do www no Brasil.
De repente, o velho Roberto passou a ser comentado não
apenas porque a vovó todo sábado coloca unas músicas esquisitas sobre cachorros
que sorriem ao latir, mas por sua utópica canção, que mexeu com mulheres e
homens, dos 18 aos 80. Pode-se não gostar da referida canção, achá-la ridícula,
mas o fato é que ela se intrometeu na pauta dos modernos internautas.
Pois é, o antigo e o moderno podem perfeitamente
conviver. Podem aprender um com o outro. Já tinha tido essa percepção em torno
de uma outra música do Roberto Carlos. Em ums cena do filme Meu Nome Não É
Johnny, em que Selton Mello canta, com uma roupagem nova, o clássico romântico Outra
Vez. É, parece que o cara é mesmo o Roberto.