sábado, 17 de novembro de 2012

Admirável homem novo (em tempo real)


Não adianta se esconder. Mais cedo ou mais tarde, a tecnologia vai te pegar, te clicar, te emoldurar para a posteridade virtual. E se ninguém fizer isso com você, também mais cedo ou mais tarde, você mesmo fará.

É irresistível. Se eu faço uma viagem, posto as fotos na internet. Se estou dirigindo, posto como estão as condições do trânsito. Se estou fazendo uma prova, como o ENEM, posto também, ainda que seja desclassificado por conta disso. Mas quem resiste? Queremos mesmo é estar conectado. Ter a nossa vida plugada, observada, percebida, sentida.

Teorias mil, de especialistas mil, explicam este fenômeno melhor do que eu saberia dizer. Assim, reservo-me o direito de não enumerar os seus porquês. Vai ali no Google, que ele explica, é rapidinho. Ele é uma espécie de matéria obrigatória de escola primária, para quem está sendo pego somente agora, pela onda high tech.

Onda não, já é muito mais que isso. É uma realidade que não mais retrocederá. Se alguém não mora num paraíso perdido, destes poucos que ainda existem, tem a sua rotina totalmente ligada, mesmo que não queira, a computadores, conexões, e infinitas maquininhas capazes de coisas que os mais velhos só imaginavam em filmes de ficção científica. Aliás, falando nisso, acho que mais dia, menos dia, estaremos que nem no filme Matrix, sem saber o que é real ou não.  E será capaz de ninguém querer a pílula vermelha. Isso não é uma crítica ou um temor, é apenas uma quase constatação.

Acho que em breve, homem e máquina se confundirão. Quem sabe, se fundirão. Se isso acontecer, pelo menos não teremos trabalho para colocar fotos da nossa vida vegetativa nas redes sociais. Nossos circuitos internos serão capazes de saber quem fez o quê e aonde, através de conexões ultravelozes. Nem será preciso curtir ou retuitar. Bastará estar ligado na tomada.

Que bom, assim poderei descansar meus olhos de robô...