sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Pra não dizer que não falei do BBB




Ahhh, o Big Brother Brasil... há muito tempo deixei de dar opinião sobre o programa, mas ô troço que rende viu, e porque rende tanto afinal? A priori, o BBB é um programa de TV bem ruinzinho, repetitivo e previsível. Mas até aí, nada demais, afinal existem outros trocentos programas tão ruins ou mesmo piores, na televisão aberta. Pois então, não há nada de incomum na qualidade do programa. Nenhuma vergonha que Márcia GoldsmithRatinho ou Gugu, já não tenham nos feito passar. 

Não gosto muito de falar sobre o BBB, mas quem assim o faz, geralmente é 8 ou 80. Os que gostam falam como se fosse o evento mais importante do mundo; e os que detestam, falam como se quem assiste, cometesse um crime. Qual laranja descascar? sei lá, ambas parecem meio azedas. Mas é justo aí que está o grande debate do BBB. O público que discute sobre o programa, já mudou mais que o próprio. No começo era tudo novo e ninguém falava muito sobre. Num segundo momento, os fãs fizeram dele uma espécie de Copa do Mundo da TV, organizando fanáticas torcidas virtuais e até mesmo reais por alguns participantes. Um monumento a irrelevância, convenhamos, mas se passarinho quer cantar...e veio a reação...

 Com o passar das edições, as redes sociais foram ganhando força, e aí os detratores do BBB começaram a descarregar toda a sua ira sobre o mesmo, chegando ao exagero de confundir o gosto por um programa de TV, com o preconceito de classe, e com uma alegada superioridade intelectual. Virou modinha criticar os telespectadores dos brothers, que mais recentemente também têm usado as redes sociais para contra-atacar, chamando de pedantes, pseudo-intelectuais, hipócritas e outras coisas mais, os membros do grupo oposto.

Bem, acho que todo esse auê sobre o BBB, é meio que um espelho dos nossos tempos. Estamos em plena era de mudanças de valores e costumes, acompanhados e as vezes provocados por um incrível salto tecnológico, que interfere diretamente nas interações sociais e na forma como produzimos e percebemos a cultura.

Afinal, no BBB encontramos mulheres liberais que não tem pudor de andarem seminuas e até mesmo transarem na frente de todos, embaixo de um edredom; temos gays saídos de seus armários sem receio, aparecendo ao vivo na tela; temos pessoas ambiciosas que tão se lixando pra estudar e ter um diploma, mas sim em usar todo tipo de artimanha pra ganhar um grande prêmio em dinheiro em um game show televisivo. E esbarramos com todos eles por aí nas esquinas, e certamente, nas nossas famílias também os encontramos. Pois, alguns valores mudaram ou estão mudando e isso faz com que surjam reações acaloradas dos que não aceitam tais mudanças na sociedade. Só lembrando, que não estou julgando as tais mudanças como boas ou ruins, concordando ou discordando. Estou apenas citando e tentando entender. Também sou mais um perdido no meio dessa loucura.

Então, eu não julgo, mas com apenas alguns cliques na internet, é possível escolher quem sai e fica na casa, ou seja, julgar os participantes. E assim, tantos fazem. Uma cortesia do já falado salto tecnológico que vivenciamos. Enfim, um espelho do nosso tempo. Assim como os debates sobre músicas com pouca letra e melodia, muita apelação sensual e batidas eletrônicas repetitivas versus músicas consideradas com mais "conteúdo" lírico e melódico. Ou entre filmes com enredos banais  em 3D, versus  filmes que se empenham mais em contar uma história criativa e diferente. Em tudo isso, está lá a dupla mudança de valores + tecnologia. 

Não sabemos aonde nada disso vai parar. Não sabemos os rumos desses novos fenômenos culturais, que encontram, sim, reflexo nos novos comportamentos adotados por muitos na sociedade. Aos poucos, ChacrinhaBeatles e Kubrick, vão perdendo espaço no nosso HD, para BBB, "Eu QueroTchu" e Avatar. Mas e aí, isso é ruim? Olha, acho que depende. Primeiro veremos se esses novos fenômenos, apesar de viverem o auge, irão se sustentar por longo tempo, ou sucumbirão frente as novas ondas, empurradas por novos comportamentos.

Sei lá, vai que daqui a 20 anos, a gente fale todo saudoso dos bons tempos do Big Brother Brasil...

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