segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cadê as elites que estavam ali?

Nesta semana que se inicia, serão julgados pelo STF, na Ação Penal 470, mais conhecida como caso do “mensalão”, as figuras de maior destaque político dentre todos os réus do processo. José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, todos integrantes da alta cúpula do PT á época.

E aqui e ali, já começaram a subir o tom das vozes tanto na imprensa quanto no meio acadêmico, em defesa dos acusados. Até aí, tudo bem, é sabido que o PT tem boas relações com parte da imprensa, assim como outras forças políticas também possuem os seus no meio, e praticamente domina o meio acadêmico desde a fundação do partido. Ocorre que um dos principais mantras petistas, cantado durante anos, e que em momentos como o atual resurge, não cola mais, para quem ao menos tenta ver o partido sem filtros, o mantra é o seguinte: O PT luta contra as elites que querem acabar com o PT. Ou algo próximo a isso.

Esse discurso de que existe uma elite que sabota o governo do PT bem como os principais líderes do partido é de uma falta de conteúdo, que não sei como alguns intelectuais tem coragem de abrirem a boca para proferi-lo. Ora bolas, num país de imensa maioria de pessoas pobres, é um dos truques óbvios, afinal, quem quer se identificar como elite? a dita imensa minoria dominante e preconceituosa. Só que, depois de chegar ao poder, o PT já não pode mais assumir para si esse discurso, que revelou-se com o passar do tempo, meramente teórico. Que raios de elite é essa que os petistas tanto falam.

Seria aquela elite da qual figurões do partido como José Dirceu, Antônio Palocci, dentre outros, prestam consultorias a grandes empresários?! Ou será que seria aquela velhíssima elite oligárquica ligada a políticos como José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros e Delfim Neto, todos aliados até o talo com o governo petista? Ou será que são os donos de grandes construtoras doadoras de campanhas políticas, que fazem do PT um dos partidos que lideram a arrecadação nestas eleições?! E nesta última linha está a chave de tudo. O PT hoje é apenas “um dos” e mais nada. É só mais um partido que quer ganhar eleições, como todos os outros.

Nem vale a pena entrar no mérito de uma mudança de rumo do petismo, mas o fato é que, parte da elite apoia, confia, e vota no PT, bem como parte da classe média e parte da camada mais baixa. E o mesmo ocorre com os outros partidos e seus líderes.

E mesmo a parte da elite que não se afeiçoa ao PT, o que é mais que legítimo numa democracia, não pode responder pelas ações de indivíduos ligados ao partido. A justiça que julgue e faça aquilo que é previsto no ordenamento e pronto. Não estamos num estado de exceção, para se conclamar uma luta de classes direta inexistente, da qual um grupo se coloca como defensor dos mais fracos, enquanto afaga carinhosamente os mais fortes.

Da próxima vez que algum teórico do partido atacar as elites de conspiração, por favor, faça como os Titãs. Melhor dar Nome aos Bois. É ao menos, mais digno.