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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Politicar - Historinha pra contar pros nossos filhos

Era uma vez um pseudo-imperador malvado chamado Carlinhos que mandava em tudo na província da Bahia, lá no Reino do Brasil. Ele e sua turminha mandaram e desmandaram em tudo por décadas. Mas a turma do Carlinhos tinha seus inimigos. Alguns eram mais mansos, pois também tinham e tem pedigree; a turma dos Engomadinhos. E outros mais vociferantes e sem pedigree; a turminha do Sindicato.

Um dia, a turminha do Sindicato liderada por Wagninho, e a turma dos Engomadinhos liderada por Geddelzinho e Joãozinho, se uniram para derrotar a turma do Carlinhos e conseguiram. Carlinhos derrotado, jurou que recuperaria seu trono e se retirou com sua turminha. As turminhas vencedoras seguiram unidas, pelo menos no começo, porque depois começaram a discutir, a brigar, até ficarem de mal e dividirem o poder. Ficou a turminha do Sindicato governando a província, e a turma dos Engomadinhos governando a capital da província. Paralelo a isso, Carlinhos faleceu, e a sua turminha antes tão fiel e unida começou a abandonar a turma enfraquecida, visando a próxima troca de poder. Novas eleições chegaram e então fez-se a luz, ou as trevas.

Cesinha que era amigo de Carlinhos, quis se juntar ao Sindicato, mas só foi aceito pela turma dos Engomadinhos onde foi recebido de braços abertos. Ottozinho que também andava com Carlinhos entrou para a turminha do Sindicato que recebeu bem o ex-inimigo. Outras trocas de membros entre as turmas aconteceram. Assim, a turma do Carlinhos se resumiu a Paulinho(que recrutou Nilozinho que era inimigo de Carlinhos) e os familiares do ex-pseudo-imperador. Mas fazem qualquer negócio.

A turma dos Engomadinhos cada vez mais se parece com a do Carlinhos, inclusive imitando a arte de eleger todos os parentes possíveis para os cargos da província, Joãozinho que o diga. Fazem qualquer negócio.

E a turminha do Sindicato ganhou pedigree e não se contenta mais com osso duro, só querem filé agora. Era a única turma que se baseava num preceito antigo chamado ética. Mas hoje em dia aceitam qualquer um na turma. Principalmente os que não sabem o que é essa tal da ética. É comum brigarem entre si. Aceitam qualquer negócio.

E todos eles são submissos sem questionar nada ao Rei Luizinho I. Bem, a turma do Carlinhos diz que não, mas se Luizinho der uma piscadela de olho, eles irão retribuir, tanto que não falam mal do Rei. No fundo, todos eles topam qualquer negócio pelo poder,desde que não se pronuncie as palavras mágicas que foram banidas de todo o Reino por serem consideradas uma blafêmia: INVESTIR NA EDUCAÇÃO DOS SÚDITOS.

p.s. 1-Politicar com inteligência, só com o Tom Zé no clipe abaixo que volto a postar aqui.

p.s. 2-no post anterior esqueci de postar o link do primeiro post da sessão Politicar, aqui.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Cortejo armado, cortejo amado


Pois é, a essa hora a cidade baixa já respira os ares de uma das mais tradicionais e belas festas da Bahia: a lavagem do Bonfim.
A lavagem das escadarias da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim(antes a lavagem se estendia até dentro da Igreja, mas isso é uma outra história...)segue como um grande marco cultural baiano, isso mesmo, cultural, porque as teorias religiosas na minha opinião, não sobrepôem as tradiçoes e costumes, elas apenas as complementam.
Não adianta os neocristãos de plantão, criticar esse ou aquele aspecto, afinal a Bahia,ou pelo menos Salvador,RMS e Recôncavo,são isso aí mesmo:uma região com fortíssimas ligações culturais de matrizes africanas.Cultura vem de culto, que desconfio vem de uma palavrinha ainda menor, e cada povo tem o seu.

Bem, talvez o rapagão ou a moçoila, de seus 20 e poucos anos,que frequenta uma faculdade, e mora na Orla,no mínimo em Brotas ou semelhantes, nao entendam o que estou dizendo, ou não entendam como o Bonfim Light tem tanta importãncia assim, pois é, pra essa gente bonita,é isso que se resume o dia de amanhã, já perguntei a algunas pessoas, se irão amanhã e eles responderam que nao tinham conseguido a camisa.

Uma das coisas que mais gosto de ver nestas festas tradicionais da Bahia, é o envolvimento dos "coroas". A turma que já passou dos 35,40, valoriza bastante esses eventos, canso de ver casais na casa dos 50,60 anos, descendo de branco pro Bonfim ou pra festa do Rio Vermelho, ou então aqueles coroas de 40 metidos a menininho pegador, indo sozinhos(o velho zig na patroa) pra encontrar os amigos da firma ou do baba, pra comer feijão,tomar unas geladas e tentar a sorte com as piriguetes.

As vezes penso o que vai ser dessas festas daqui a 20,30 anos, quando só restar a gente bonita e suas crias por aqui. Aliás, melhor nem pensar o que essa geração aculturada,individualista e preconceituosa, vai se tornar quando envelhecer.

Pena, que dessa vez não irei, estarei trabalhando.E nem eu, nem a Beth Carvalho no clipe abaixo,cantando um ótimo samba de Walmir Lima,estamos falando de se fantasiar de "gente bonita", pra poder "ser feliz" em flashs orkutianos. Enfim, cada um na sua, mas um pouco de respeito e informação sobre o que nos cerca e nos movimenta, seria bom.

Vou deixar de fazer a caminhada a pé até a colina, brincar, beber,me divertir com os arrastões de samba e de blocos afros,olhar curioso o cortejo e seus personagens pitorescos,o comportamento dos políticos, e principalmentre ver de perto a fé do meu povo, algo realmente belo por mais que já seja um clichê. Lembro que no ano passado quando finalmente cheguei a colina, já a noite com uns amigos,vi um rapaz se ajoelhar quase do meu lado sob o portão da igreja completamente tomada pelas fitinhas coloridas(outra bela imagem), ele fez um pedido ou agradecimento,quase uma oração,mas com tanta carga emocional, que imediatamente senti arrepios, e passei a entender melhor o significado da palavra BAIANO.

Ilha de Maré
Beth Carvalho
Composição: Walmir Lima e Lupa

Ah! Eu vim de ilha de Maré
Minha senhora
Pra fazer samba
Na lavagem do Bonfim
Saltei na rampa do mercado
e segui na direção
Cortejo armado na
Igreja Conceição
Aí de carroça andei cumade
Aí de carroça andei cumpade
Ah! Quando eu cheguei lá no Bonfim
Minha senhora
E da carroça enfeitada eu saltei
Com água, flores e perfumes
A escada da colina eu lavei
Aí foi que eu sambei cumade
Aí foi que eu sambei cumpade

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O canto da baiana

Fechando essa trilogia "baianística",chega-se ao ponto mais importante da cultura baiana das 2 últimas décadas, talvez de toda história. Pois a revolução que começou naquele 15 de dezembro de 1992 persiste até hoje, e teve impactos não só artísticos, como também social e político.

Seja como for, do jeito que for, a verdade é uma só: a Axé Music é um fênomeno impressionante, ou pelo menos foi. Se depois do boom, industrializaram e encareceram demais o seu acesso a ponto de hoje não ser mais tão popular como era no começo, é uma outra história.

E coube a uma mulher ser a desbravadora, dar o pontapé inicial ao movimento axé, sim inicial, porque quando Luís Caldas e mais alguns começaram a fazer sucesso, o termo axé music nen sonhava em existir ainda, porque aqueles sons não incomodavam ninguém, eram vistos até com uma certa inocência pelos preconceituosos regionais de plantão. Não havia um movimento, uma cena organizada.

Só depois que Daniela Mercury subiu na Praça da Apoteose, em especial exibido pela Globo, e em consequencia disso O canto da cidade começou a tocar em todos os lugares e duas pencas de outros artistas, inclusive bandas que já existiam a uma certo tempo como Chiclete com Banana, Asa de Águia e Cheiro de Amor, invadiram o Brasil, é que a musica baiana passou a incomodar. Em função disso criou-se o termo axé music para ridicularizar a cena, mas o feitiço virou-se.

Assim o canto da cidade que era dela com propriedade, passou a ser visto andando a pé no gueto, na rua, na fé da cidade bonita, e a força ninguém conseguia explicar de onde vinha.

Pena que depois de um tempo, os baianos encantados(ou enfeitiçados) com outras musas e 'deusas', esqueceram tudo que ela havia feito e deixaram-se levar pelos boatos de que a Rainha do Axé era "metida", sendo que a "metida", até hoje é a única grande estrela do carnaval que toca dois dias em trio pipoca para o povão da Bahia e demais transeuntes.

Carnaval esse que começou a mudar muito de lá pra cá, justamente depois da explosão axé comandada por Daniela, ficou profissional, imenso, atraiu turistas, causou ciúme em outras praças carnavalescas(vide os pitis do então prefeito do Rio em 1994), e virou um grande negócio com inúmeras festas fechadas e micaretas de camisa durante o ano. De todas as estrelas do Axé, tem uma que não tem nenhuma festa superchique, supercara, associada ao seu nome, advinha só quem é ?! Pois é, a cor dessa cidade somos nós, o canto dessa cidade é nosso!

O Canto da Cidade
Daniela Mercury
Composição: Tote Gira / Daniela Mercury


A cor dessa cidade
Sou eu!
O canto dessa cidade
É meu!..(2x)

O gueto, a rua, a fé
Eu vou andando a pé
Pela cidade bonita
O toque do afoxé
E a força, de onde vem?
Ninguém explica
Ela é bonita...

Uô Ô!
Verdadeiro amor
Uô Ô!
Você vai onde eu vou...

Não diga que não me quer
Não diga que não quer mais
Eu sou o silêncio da noite
O sol da manhã...

Mil voltas o mundo tem
Mas tem um ponto final
Eu sou o primeiro que canta
Eu sou o carnaval...

A cor dessa cidade
Sou eu!
O canto dessa cidade
É meu!...






sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Verdadeira baiana

Se é mesmo verdade que a falsa baiana quando entra no samba, ninguém abre a roda, ninguém bate palma, então Gal é uma baiana de carteira assinada, pois na Bahia ou em qualquer lugar todos fazem reverência a ela. Abaixo, um vídeo dela se apresentando em São Paulo, no aniversário da megalópole em 1994, no programa Som Brasil.

Acho bastante curioso essas antigas composições sobre a Bahia, feitas por não baianos. Incrível como elas ainda dizem muito sobre alguns dos costumes baianos, ainda que muita gente não consiga ou insista em não enxergar.

A música é facilmente absorvida por qualquer um que já tenha participado ou apenas observado de forma curiosa um roda de samba, seja na Cidade Alta, na Cidade Baixa, no Rio, no Japão, em Marte...


Falsa Baiana
Gal Costa
Composição: Geraldo Pereira

Baiana que entra no samba e só fica parada
Não samba, não dança, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade louca
Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira
Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca
A falsa baiana quando entra no samba

Ninguém se incomoda, ninguém bate palma
Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba
Salve a Bahia, senhor
Mas a gente gosta quando uma baiana
Samba direitinho, de cima embaixo
Revira os olhinhos dizendo
Eu sou filha de São Salvador

O que é que a baiana tem?

Humm, pergunta que se transforma em mil respostas, e em outras perguntas também. O que é que a Bahia tem? o que é ser baiano? o que é essa tal de baianidade?

Bom, o que sei é que anteontem dia 25, foi comemorado o "dia da baiana", e como extensão disto, vou evocar aqui uma mineira mais baiana do que muitas que nasceram e cresceram na nossa boa terra, que mostra a extensão do tabuleiro das donas elegantes de branco, e que podem ajudar um pouco a responder a pergunta do post e as outras feitas depois. Toca a viola que elas querem sambar!

A música Ê baiana, é contagiante e apimentada como um bom acarajé. Tanto que posto 2 vídeos da mesma música, o primeiro uma espécie de videoclip, com baianas caracterizadas rodando, gingando, sambando; e no outro, Clara Nunes canta triunfante em algum lugar de 1971 em preto e branco, mas com a voz e presença dela, tudo fica, literalmente, "ás claras". Aliás, como faz falta nos dias de hoje, uma Clara Nunes...


Ê BaianaClara Nunes
Composição: Fabricio da Silva/Baianinho/Enio Santos Ribeiro/Miguel Pancracio

Ê baiana
Ê ê ê baiana, baia
ninha
Ê baiana Ê ê ê baiana

Baiana boa
Gosta do samba
Gosta da roda
E diz que é bamba
Baiana boa
Gosta do samba
Gosta da roda
E diz que é bamba

Olha, toca a viola
Que ela quer sambar
Ela gosta de samba
Ela quer rebolar
Toca a viola
Que ela quer sambar
Ela gosta de samba
Ela quer rebolar

Ê baiana
Ê baiana
Ê ê ê baiana, baianinha
Ê baiana
Ê ê ê baiana