domingo, 25 de abril de 2010

Legião de antiquados?


Quem bater um papo comigo numa mesa de bar por mais que 30,45 minutos, se quiser, poderá pedir a palavra e me rotular como saudosista. Ou antiquado ou o que quer que seja. Minhas críticas as futilidades da vida moderna, minha fala de que o futebol perdeu a essência, a minha falta de intimidade ( e de vontade) em relação as novas tecnologias, e principalmente meus gostos musicais, dentre otras cositas mas.

E olha que não sou nenhum “coroa” emburrado de cabelos grisalhos, malmente deixei de ter um 20 e poucos embutido. Bom, o fato é que comecei a tomar parte das coisas muito cedo,comecei a ser fã de música, se ligar em política, e a freqüentar estádios com 7 anos de idade, precoce. E quando o assunto é música, sinto que de repente essa parou no tempo para mim, e nem é por esforço em não acompanhar o que rola no momento. Já há algum tempo que não ouço rádio, sem nenhum motivo aparente. Ou seja, quando digo que não conheço uma música da Lady Gaga o povo diz que eu to zoando.Luan Santana só passei a saber que existe por causa da propaganda do Fantástico domingo passado. Mas é sério, não conheço, e nem faço esforço para tal.

E a estranheza reside nisso. Eu não faço muita questão de conhecer novidades. Parece que o que já conheço me basta. É só dar uma passeada pelo blog que verão que os artistas mais recentes que postei aqui são Matanza e Pitty. Que já não são novidade faz tempo. Até quando o assunto é música baiana, as postagens são de músicas mais antigas. Será isso normal? Sempre me pergunto se sou eu que estou velho, ou ficando, ou se penso como um velho. Ou se atualmente tem muita música descartável( não todas) e por isso não me atraem. Ou se as músicas mais antigas tem um conteúdo e uma certa magia que fazem com que sejam duradouras. Difícil saber. Mas as vezes tenho algumas pistas.

Ontem aqui do lado do prédio, o grupinho de pré-adolescentes( 12 a 14 anos) daqui do condomínio, estavam com violões tocando músicas da Legião Urbana, o que claro,chamou a minha atenção, até porque estavam quase no pé da minha janela, sendo que moro no térreo. Achei estranho mas achei legal, como se o legado de uma geração estivesse sendo transmitido. E lembrei, que há 10 anos, estava voltando pra casa no ônibus da empresa onde estagiava, era final de tarde, aqueles programas de happy hour rolando, todo mundo cansado, em silêncio, e aí começa a tocar O Teatro dos Vampiros, e como num transe todo mundo no ônibus começou a cantar a música, parecia ensaiado. Um transe próximo ao que vi e ouvi ontem á noite.

É difícil voltar a viver como há 10 anos atrás, mas muitos amigos ainda procuram emprego, os assassinos continuam livres, e cada hora que passa, pareço envelhecer 10 semanas. Pelo menos, alguns meninos e meninas ainda tocam e cantam Legião, quero ver daqui a 10 anos lembrarem de tocar Luan Santana, Lady Gaga ou algum rebolation da vida.

Vamos lá, eu só quero me divertir...






Teatro dos Vampiros
Legião Urbana
Composição:Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá

Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto.
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantosEsse é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance.
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos.

Vamos sair - mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.Vamos lá, tudo bem - eu só quero me divertir.
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir...
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.

Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assusteiNão sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir...

Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém.



domingo, 18 de abril de 2010

Ê Filhos de Gandhy...

Após 2 meses do término do carnaval, olha o Gandhy aí por esse que vos bloga...



Toca o agogô, é o sinal, e dele sai um som mágico, metálico, místico. Assim lá vão eles, lá vamos nós, na batucada.
E começa a tradição,das estivas para o mundo, através das lentes, das câmeras,dos celulares, dos corações, das memórias, das lembranças.
E todo mundo quer ver, Oxossi também, Ogum orgulhoso. Iansã, Omolu, Xangô, todos desceram pra ver. Senhor do Bonfim fez o favor. O espetáculo é belo.
Abrindo caminhos, me sinto parte de uma nação, uma nação diferente, vitoriosa, admirada por todas as outras nações, todas as tribos.

Chegamos a praça, o poeta nos saúda, a avenida fica pequena, fica imensa, porque imensa é a vontade de emanar a paz. A utopia por um momento se transforma numa imensidão branca bordada de azul, é realidade, não há nada mais belo.
Ê...lá vai o Gandhy, olha o Gandhy aê, com mistérios na força de uma canção, embalando sossegadamente uma multidão. Ijexá. Pra que melhor, melhor não há.
Descendo a ladeira, subindo a ladeira, arrastando mercadores, cavaleiros, filhos do mundo inteiro. Tudo isso porque somos pacíficos, pedimos e ganhamos passagem. Em meio a tantos iguais e tantos diferentes, nos destacamos.
A essa altura, somos o centro, o alvo, todos os olhares estão sobre nós.
As crianças sorriem,os velhos se alegram, um colar vai para o ar, e a moça bonita na janela do prédio diz admirada:”obrigada”. Sedução. Também faz parte.
O sol arde, esfria, faz calor, a noite chega, mas continuamos obstinados, as vezes sem nem mesmo nos entender, sem entender o porque de ser tão comprometido com uma causa tão abstrata e tão fundamental para a convivência da humanidade.
Contradições. Mas basta se procurar. Olho para dentro, e vejo que estou em paz, comigo mesmo, com tudo ao redor, já valeu a pena.


E chega o fim do dia. Mais um dia e encontramos o mar. Outro dia, e acabou. Missão cumprida, mais um ciclo, mais uma evolução. Agora só no próximo ano, certeza de estar aqui não existe, porque a certeza em si é falha. Vontade, desde já, vontade de ficar em paz, e de compartilhar e espalhar essa paz por todos os cantos, com todos os cantos, todos os santos, todos os mantos. Ah,como é belo o meu manto, como é belo nosso Afoxé Filhos de Gandhy.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Risada Sonora - Vai 1, 2 ou 3?

E vamos lá retomar o ritmo do blog. Depois de alguns posts críticos e polêmicos, agora é hora de relaxar e gozar. Literalmente. Explico, vamos ao segundo Risada Sonora. O primeiro foi esse aqui no link, mês passado, acho que está bom assim, mensal.

E vamos nos deleitar, com a pérola Uma, duas ou três(punheta) da banda de surf music Os Ostras que me parece nem existir mais ou estão dando um tempo de acordo com o site deles que ainda está no ar. Mas por volta de 1996/1997 essa música bombava na MTV Brasil, quando a emissora ainda gostava de música e servia para revelar várias e várias bandas do pop-rock nacional.
Pois é, nessa época eu era adolescente e fã da MTV, e claro, pirei quando vi o esse clipe pela primeira vez. Tinha um certo ar de subversão; e perversão é claro. Se bem que hoje em dia, em que vivemos tempos de “pulseiras do sexo” e suas obrigações ( coisa ridícula), os adolescentes atuais devem achar essa música coisa de criança do primário. Já não se fazem mais momentos pueris de solidão como antigamente.

Então, pra quem já conhecia esse som, segue letra e videoclipe para relembrarmos desse tempo de inocência. Pra quem não conhece, vejam o vídeo , riam, relaxem e...bom, vejam o vídeo...



Uma, duas ou três(punheta)
Os Ostras
Composição: C. Pereira / M. Garcia / V. Martins Jr

Uuuuu... uuuu...
Uuuu... uuuu...

Você não sabe,
quanta falta que você me fez
E todo dia, no banheiro
eu descascava uma, duas ou três

Você não sabe,
quanta falta fez pro meu amor
E toda noite, no meu quarto,
eu te achava em revista pornô

Já tem gente pensando que eu sou egoísta
Já me tacharam punheteiro, sem vergonha, justiceiro e machista
Mas a verdade é que você
nunca fez falta nenhuma

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Nascimento do Brasil Dourado


Lembram desses versos? “ Brasil,meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro...”. Pois é, lamento informar, mas esses versos não dizem mais tanto respeito ao Brasil pós 2000. Se Ari Barroso fosse vivo nos dias de hoje acho que não iria compor Aquarela do Brasil. Mas porque isso hein Peixe?
Bem, vamos a explicação. Desde que o Brasil entrou de vez na era digital com a expansão da banda larga etc e tal, que temos visto uma outra face do Brasil, ou nova face, sei lá. A internet mostra um povo emburrado,sem paciência, grosseiro,preconceituoso e sem argumentos.Atire a primeira pedra quem nunca foi agredido virtualmente ao participar de qualquer fórum de discussão na rede. Seja em blogs ou em comunidades do Orkut. Bom, assim sendo, podemos explicitar isso melhor através da repercussão de certos fatos.

A décima edição do BBB apresentou 3 “coloridos” como qualquer criança marciana sabe. Muita gente não assume, mas torceram e muito o nariz para isso. Aí vão dizer, “mas o Jean era gay e ganhou o BBB5, isso mostra que o Brasil não tem preconceito”.o Jean tinha o visual “clean”, aceitável, não se maquiava, não se travestia, não usou salto alto como os 2 coloridos homens desta edição. Se o fizesse,certamente não ganharia, ele era como um parente da gente que é homossexual, os desta edição são como os parentes dos outros que são viados. Digo isso porque é assim que as coisas são em relação ao tema, neste nosso país cheio de repúdios.

Aí entra o tal do Dourado na casa, e a rejeição é enorme, tanto dos participantes, quanto do público. Mas bastou o lutador começar a disparar seus impropérios contra a turma colorida para ele cair nas graças do público, não foi assim? Bom, pena que a vida real não tem videotape. Dourado se mostrou grosseiro, preconceituoso(não adianta o Bial dizer que não),ignorante, agressivo,tosco,desnecessariamente rústico e virou o Mito, o Mestre, como é conhecido e celebrado na internet brasileira. Com uma legião de seguidores fanáticos.

Isso me leva a lembrar de outro personagem que também caiu nas graças do público há uns 2 anos atrás: Capitão Nascimento. O controverso policial do filme Tropa de Elite, também fazia o estilo Chuck Noris tropical, e advinhem:o policial linha dura que fazia justiça com as próprias mãos também virou um ícone, principalmente no mundo virtual. É só navegar um pouco e veremos várias e várias charges, piadas, e o q é pior, gente levando a sério a conduta dos dois personagens( dentro do BBB,todo mundo é personagem).

Quando foi que o brasileiro mudou o seu perfil hein? Porque hoje em dia, principalmente esse povo entre 15 e 25 anos, não tem nada de inzoneiro(procurem no dicionário). Estamos cada vez mais agressivos e também cultuando a agressividade. A internet revelou um Brasil temeroso de se encontrar nas esquinas. Acho que se fosse hoje, Ari Barroso se quisesse retratar a nossa realidade iria compor algo do tipo Pé na porta,Soco na cara da boa banda carioca Matanza. Letra e clipe logo abaixo pra quem não conhece. Essa música diz muito mais dessa gente trigueira que idolatra Nascimentos e Dourados por aí afora.

P.S. falando em linha dura, hoje faz 46 anos que o Brasil amanheceu com uma ditadura nas suas portas, parece que o efeito comportamental foi tardio na população.

Pé na porta, soco na cara
Matanza
Composição: Donida

Pra quem já viu, não passa de um imbecil
Não tem ninguém com quem esteja de bem

Não te peço consideração
Ou você tem ou não
Antes havia mais gente ao redor
Hoje é cada vez mais só

E toda paciência um dia chega ao fim
Inevitavelmente isso termina assim

Ooooooooooooooooo na cara
Reto que arrebenta o nariz
Essa noite vai dormir feliz
Pé na porta e soco na cara

Achou, por bem, acabar com o dia de alguém
Então, sendo assim, tinha que escolher justo a mim

Conta o que eu não tenho, diz o que eu não posso
O que é meu é meu, o que é seu é nosso
Qualquer infeliz tem mais o que fazer
Só você não parece ter

E eu não tenho nada mais a lhe dizer
O papo com você agora tem que ser...

(refrão 2x)

Ooooooooooooooooo na cara
Ooooooooooooooooo na cara
Ooooooooooooooooo na cara
Ooooooooooooooooo na cara