sexta-feira, 4 de outubro de 2013

M de mais do que o mesmo

Não. Este não é mais um texto dentre tantos internet afora, para explicar o porque que a MTV Brasil acabou. Até porque, no fim das contas, as explicações são o que menos interessa.

O que me motivou a tocar no nome da emissora musical recém findada, foram as lembranças que o início de sua transmissão aqui em Salvador, me trouxeram à memória nestes dias. Pois, nos anos 90, a música baiana carnavalizada, vulgo axé music, invadiu o Brasil e dividiu com o pagode romântico e o sertanejo, o topo das paradas musicais.

Em Salvador então, era praticamente impossível ouvir algo diferente. Quando algum bar, carro ou casa de vizinho, tocava algo que não fosse música baiana, logo chamava atenção. Lembro que a maioria esmagadora das rádios FMs se dedicavam ao gênero, sendo que as que não tocavam Axé Music, eram justo a menos populares.Quando soube que o sinal da MTV  chegaria, via TV aberta, em solo baiano lá pelos idos de 1995, fiquei animado com meus 15 anos de idade e de vontade de ver/ouvir coisas diferentes do que o status quo vigente mandava. Não era só o caso de ouvir e ver clipes de rock, rap e pop nacional e internacional, mas também de ver a linguagem e roupagem em que aquilo tudo viria embalado.

E assim se fez, a MTV trouxe um alento para jovens fãs pop/rock da cidade. Além dos clipes, podíamos comentar entrevistas, lançamentos de discos, e toda e qualquer pataquada da cultura pop com mais embasamento. E bandas como Raimundos, Planet Hemp, O Rappa e Chico Science deixaram de ser nomes desconhecidos nestas terras. Acompanhar a programação da emissora, para quem morava na velha Soterópolis, significava sair da mesmice em que minha geração estava se enfiando, numa época em que internet e canais via cabo, ainda eram incipientes. E depois, quando se viu bandas locais como  Penélope e The Dead Billies, chegarem a tela mtviana antes de serem conhecidos pelo público médio local, ficava claro o que era o apartheid musical criado pela nossa indústria do entretenimento micareteiro. Mas isso é uma outra história, para uma outra ocasião, para um outro blog...

Afinal, ao andar por entre becos e coletivos, ninguém foge ao cheiro sujo da lama de qualquer Manguetown que exista por aí.










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