Aos meus leitores e seguidores de fora da Bahia ,não se preocupem que logo logo vou deixar de falar desse troço chato de carnaval, premiação,trios, blocos,axé music etc e tal, é que pra nós baianos isso é que nem futebol sabe...
...continuando a falar sobre o troféu Dodô e Osmar, um detalhe chamou atenção este ano: as categorias destinadas aos blocos afros. Achei bacana esta atitude, visto que cada vez mais o carnaval de Salvador corresponde ao imediatismo das paradas de jabás, digo de sucessos, onde fica muito difícil por exemplo um bloco como o Malê ou Muzenza, atrair mais holofotes do que as musas axezeiras, já que suas músicas não tocam na rádio de 5 em 5 minutos, nem tão pouco seus músicos e cantores são bajulados e incensados semanalmente na TV.
Assim sendo, o gatinho e a gatinha dos colégios e faculdades que vão pro carnaval na base do beijo querendo mais é beijar na boca, não conseguem entender o porque dessas agremiações desfilarem e torcem para que elas andem rápido “pra vir um trio decente”. Claro que felizmente, nem todos pensam assim; boa parte dos foliões curtem os afros, sobretudo os que moram ou moraram em bairros que sediam esses blocos como é o meu caso, mas muitas vezes os de cima tem mais peso na formação das opiniões. Só que não custa lembrar de três detalhes básicos:
1- Salvador tem fortíssimas influências da cultura afro, que estão presentes até mesmo em quem diz que não tem nada a ver com isso. Ou seja, não adianta fugir disso no carnaval.
2- Tradição cultural é algo legal, não faz sentido querer esmagar um segmento e pasteurizar o carnaval num único caldo, e ainda por cima instável, pois aqueles vastos camarotes na Barra-Ondina dependem da inconstante indústria fonográfica/festas de camisa e do bom humor da mídia eletrônica. A valorização dos afros pode agregar um valor constante e diversificado a festa.
3- Pra quem não sabe ou se esqueceu, ou quer esquecer, o movimento axé music surgiu da trieletrificação das músicas dos blocos afros, ou seja se não fosse Olodum, não existiria Cláudia Leitte, pode-se até não gostar e não ir atrás dos desfiles na avenida, mas respeito é sempre bom e nesse caso, é justo e merecido.
Analisando este cenário, começa a me agradar a antiga e absurda idéia de Durval Lélis de fazer um carnaval privado, idéia essa que já começa a ganhar novas vozes de gente importante pro carnaval, seria o fim da hipocrisia de muita gente boa que paga de popular mas no fim das contas só quer dinheiro. O povo saberia quem é quem, e aí quem quisesse e pudesse, iria pra arena paga, e a rua ficava pra quem tem compromisso com carnaval de rua e seus foliões: Afros, Afoxés, Sambas, Pagodes, Armandinhos, Morais, Browns, Danielas, Caldas, Gilbertos, Caetanos... humm, porque não constroem logo a tal arena hein?!
Aos vencedores então:
- Melhor Cantor Afro
Lucas di Fiori (Olodum)
- Melhor Cantora Afro
Larissa Luz (Araketu)
- Melhor Fantasia de Bloco Afro
Cortejo Afro e Malê Debalê (Empate)
- Melhor Bloco Afro Infantil
Ibéji
- Melhor Bloco Afro
Ilê Aiyê
- Melhor Bloco Afoxé
Filhos de Gandhy...ê Filhos de Gandhy...
Detesto trio elétrico, abadá, esses lances;mas não se pode generalizar e dizer que não tem a parte do carnaval "pura", da força afro cultural que pulsa nas veias de Salvador.
ResponderExcluirabç
Pobre Esponja